A LENDA DO CABELUDO - Pindaré Mirim

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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

A LENDA DO CABELUDO

A lenda de um ser humano que viveu isolado temporariamente de tudo, não da natureza onde vivia tal qual homem primitivo ou homens das cavernas.

Em um verão da década de 20, chegava ao Povoado Engenho Central um senhor de nome Manoel aparentando, 22 anos, vindo do Estado de Sergipe. Chegando neste Povoado foi informado que existia outro maior com mata para trabalhar, de nome Vila Velha localizada as margens do Rio Pindaré. Essa era cheia de mato no campo e enchia na época invernosa, ele tinha pressa e precisava trabalhar, era verão não perdeu tempo e voltou, na volta descobriu uma porção de terra que lhe agradou e muito. Trazia na bagagem facão, faca, machado e uma enxada sem cabo.

Após fazer vistorias na terra e constatou uma gleba de terra que se tratava de uma ilha. Após descobrir que ninguém vivia ali, Manoel se instalou e construiu seu alojamento.

Com o decorrer dos tempos o Povoado Engenho Central, foi elevado para Vila São Pedro em memória a uma imagem de São Pedro Apóstolo que era obreiro de milagres.  Com isso, a população da Vila foi crescendo e os interesses dos criadores também foram aumentando.

Os anos passavam, Manoel continuava suas tarefas, sozinho, pois não tinha família. Era considerado dócil, alegre, assoviava, cantava no seu trabalho, pouco comunicativo, era isolado da sociedade da Vila.

A criação de gado crescia e os criadores foram obrigados a procurar pastos em outros campos, inclusive os campos que circundavam a ilha de Manoel. E foi o gado que começou a destruir os planos de Manoel.

A cada ‘invernada’, os criadores levavam seus gados para invernar na ilha de Manoel, destruindo todo o seu plantio. Dentro daquela revolta procurou manter a calma. Procurou alguma autoridade na Vila e logo foi recebeu um tratamento meio grosseiro do inspetor de quarteirão. Após receber outra indicação de outra autoridade, Manoel seguiu. Mas foi tratado com grosseria novamente. Foi daí que descobriu que ali morava um homem pouco visto e de nome desconhecido, este cavava um buraco no chão, colocava lenha no fundo, tocava fogo e preparava suas comidas.

Manoel parou de plantar e foi cuidar da sua vida. Quando ia a Vila São Pedro não era bem visto e chegou a ser humilhado por comerciantes.

Em 1938, Vila São Pedro, foi desmembrada de Monção, o novo município denominou-se de Pindaré – Mirim. Manoel de nada tomava conhecimento.

Certo dia foi buscar peixes e ao voltar encontrou sua cabana cheia de fogo. Contudo, sua força foi maior e em poucos dias sua nova cabana estava pronta. Manoel não cortava o cabelo.

No inicio da década de 40, Manoel não mais existia. Foi ai que começou a ser descoberto e foi chamado de cabeludo.

Cabeludo de estatura média, moreno bem claro, cabelos quase loiros, nariz afilado, olhos castanhos bem claros, pele fina sem manchas. Usava tangas feitas de fibra escondendo sua nudez. Muitas senhoras diziam “cruz-credo”, isso pode ser um desertor.

No período do verão a juventude se deslocava de Pindaré – Mirim para o mangueiral de Cabeludo para fazer piquenique. Levavam pães, roupas, comidas nada recebia, falavam com ele e não respondia.

Na década de 50 voltava a sua terra natal Pindaré – Mirim, pessoas que escolhiam aquele local para se divertir tentavam a todo custo falar com Cabeludo, mas ele não importava.

Muitos invasores matavam pombas, periquitos, papagaios, matavam quatipurus para tirarem a calda e faziam espanador, macaco prego, foram destruindo árvores frutíferas que Cabeludo conservava para sua sobrevivência.

Revoltado, decepcionado, angustiado com as maldades e a falta de confiança no ser humano, e ciente que o homem é capaz de tudo, perdeu a credibilidade total em seus semelhantes. Já envelhecido, doente, aparentando cerca de 60 anos, veio a falecer no ano de 1978, foi enterrado próximo de sua cabana no seu paraíso. Pessoas amigas acendiam velas e faziam preces religiosas, dizem que pagando promessas.

A Saga de um retirante nordestino
Manoel Cabeludo

ALI JAZ MANOEL
“O CABELUDO”
MÁRTIR DO MUQUEM

Lucas E. Oliveira
Pindaré – Mirim/MA


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