COLÔNIA INDÍGENA NO MARANHÃO IMPERIAL (1840-1860):
Índios aldeados e "incivilizados"
Karilene Costa Fonseca
Foi uma Colônia de Índios, denominada por Colônia São Pedro do Pindaré.
Proposta e findada pela política indigenista no Maranhão em 1840, utilizada
como modelo para as demais Colônias de índios que foram
construídas no sertão. A Colônia estava localizada as margens do rio Pindaré,
principal afluente do Maranhão, foi uma região de constante presença de
fazendas próximas aos territórios autóctones. Também temos notícias que foi o
principal caminho da Capital para o sertão do estado. A antropóloga Elizabeth
Coelho (1998) que estudou a política indigenista do Maranhão
regencial/século XIX, aprofundou que a Colônia fora inicialmente uma aldeia,
denominada Aldeia Grande de São Lourenço de Barbados, fundada em 1758, sendo a
primeira aldeia no Maranhão. Após tensões com fazendeiros, os indígenas foram
expulsos, mas essa foi impulsionada a categoria de Colônia em 1840. A partir de
então se criou uma nova espacialidade com não indígenas e indígenas recém
contactados. De acordo com as fontes, o principal objetivo defendido pela
política indigenista neste século para a criação desta colônia era facilitar a
navegação pelo rio Pindaré, uma vez que os índios Guajajara habitantes nas
margens desse rio, tornavam o acesso e o trânsito dos não indígenas
arriscadíssimo, pois atacavam as embarcações. Na busca de superar tal situação,
o então Presidente da Província, o Marquês de Caxias, ordenou que se fundassem
uma Colônia a direita do dito rio, com o nome São Pedro do Pindaré, sob
as ordens do Diretor Tenente Coronel Fernando Luís Ferreira. Os documentos
pesquisados correspondem ao Diretório de Índios: são ofícios trocados entre
diretores da Colônia e os presidentes da Província, relatórios dos presidentes
e diretórios que administraram a Colônia São Pedro do Pindaré. Além
de mapas e a legislação indigenista deste período. Objetivamos problematizar os
discursos sobre as políticas indígenas e indigenistas, desconstruindo as
descrições da historiografia local que apresentam os indígenas como meros
expectadores das histórias de contatos interétnicos, onde, ao contrário,
observamos na documentação consultada até o momento, as diversas ações
indígenas, construindo agenciamentos diante dos colonizadores, da ocorrência de
conflitos, acomodações e negociações.
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