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segunda-feira, 1 de outubro de 2018

A Colônia São Pedro do Pindaré


A Colônia São Pedro do Pindaré

Assim, à margem direita do rio Pindaré, com a frente para o sul, seis léguas acima da Vila de Monção, no ano de 1840 instalou-se a devida Colônia, em terras compradas ao Cirurgião Manoel Lopes de Magalhães por dois contos de réis. Seu fundador foi “o Tenente-Coronel do Imperial Corpo de Engenheiros Fernando Luís Ferreira” (MARQUES, 1970, p. 206)Esse autor, em seus estudos reforça o cenário fértil, piscoso e propício à caça da região.

O principal objetivo dessa Colônia era

facilitar a navegação do Pindaré que os selvagens tornaram arriscadíssima pela desabrida guerra que faziam às tripulações dos barcos que nele navegavão, como também com o intuito de melhorar a segurança da vida e propriedade dos fazendeiros estabelecidos nas margens do dito rio, e mesmo para dar novo impulso à civilização dos índios (COELHO, 1990, p.146).

24 A Colônia São Pedro do Pindaré, uma das maiores do Maranhão, fundada em 1840 [...] atendia os índios Guajajara. [...] Os relatórios de 1857, 1858, 1867, 1871 e 1880 falam dela. No entanto, já no relatório de 1886 não aparece mais entre as colônias, tendo sido extinta (ZANNONI, 1999, p. 31).


Em 1840, à época da criação da Colônia São Pedro do Pindaré, no lugar onde antes já era a aldeia Guajajara, as intenções eram evidentes:

Catequizar os índios, civilizá-los e inseri-los no sistema econômico da Província a fim de convencê-los a liberar suas terras de forma que, com os índios dominados e controlados, se tornaria possível a navegação do rio Pindaré, infestado pelos Guajajara e de outros povos, e se garantiria a segurança para os fazendeiros e a prosperidade para seus empreendimentos econômicos (UBBIALI, 1998, p. 58).

Esta Colônia, em sua fundação, contou com um contingente populacional de 150 índios Guajajara. Apesar de ser bem planejada, a Colônia teve sua vida curta. Como mostra Marques, logo em 1849, isto é, nove anos após sua instalação podia se contar apenas “120 índios e em 1861 somente 58 índios maiores de ambos os sexos e 18 menores e em 1870 unicamente 44” (MARQUES, 1970, p. 206). Há, portanto, um processo acelerado de redução quantitativa, física e cultural da população Guajajara que mantinha a Colônia São Pedro.

A Colônia São Pedro do Pindaré passou assim, por um frágil período de apogeu passando por um profundo declínio até sua extinção total. Há evidências de que o governo provincial admitia e valorizava os benefícios trazidos pela fundação e manutenção dessas colônias, de modo especial da Colônia São Pedro, uma das maiores. Dentre esses ganhos está a redução dos ataques dos indígenas, tanto nas fazendas como nos povoados. No tocante à sua decadência, encontramos a alegação de que um dos principais fatores responsáveis para tal situação foi a administração empreendida por Diretorias nomeadas pelo presidente da Província25, que não conseguiram ser fiéis aos planos do governo da Província.

Há registros, porém de que, por volta do ano 1856, essa Colônia, além de produzir para suprir suas próprias necessidades e entregar para o Governo provincial o que era previsto em lei, chegou até a abastecer com sua produção a Colônia Januária. Logo após este ano segue-se uma série de fracassos que levam à sua destruição total. A esse respeito, vale lembrar o que Viveiros descreve ao apontar o que o jornal “O País” publica em 1878:

A Colônia São Pedro não tem mais de 16 a 20 índios, que mal produzem alguma farinha para si e o diretor. Suas roças mal ocupam 200 braças quadradas. Dali não se viu sair um só índio que se possa considera capaz de reerguer-se por si próprio. São como os que habitam ns florestas. A única obra que lá existe [...] é uma pequena casa de mau gosto na arquitetura e mal acabada, onde mora o diretor. Foi seu autor o celebérrimo frei Peregrino do Pézaro, de eterna memória. [...] Em 1881, Felipe Tiago dos Santos Cordeiro, na qualidade de encarregado da Colônia São Pedro, comunicava ao Diretor geral dos índios, e este ao Presidente da Província, terem os indígenas abandonado o estabelecimento. Estava morto o núcleo de civilização fundado pelo Duque de Caxias (VIVEIROS, 1954, p. 13).

25 O primeiro diretor dessa colônia foi o Pe. Antonio Bento da Costa Curtinhas, que governou até 1842, quando foi demitido. De acordo com o diretor de colonização, enquanto a colônia esteve sob a administração do Pe.
Curtinhas, prosperou, chegando sua população a cerca de 200 pessoas. Após isso a colônia entrou em decadência, ao ponto de em 1859 sua população estar reduzida a 83 pessoas. As razões da derrocada da colônia eram vistas na inaptidão dos diretores para administrá-la (Coelho, 1190:146).

Os projetos foram sempre muito diferentes, por um lado os idealizadores das colônias, por outro os povos indígenas. Estes, sempre resistiram e buscaram formas para burlar os esquemas dos detentores do poder, tanto Colonial quanto Provincial.

A mata sempre foi seu refúgio e nela tentavam se recriar, se conceber como povo e sustentar seu universo cultural.

Coelho assegura em suas pesquisas que “em 1880, o presidente tomou conhecimento através de ofício do diretor geral dos índios, de que os índios da colônia Pindaré haviam fugido” (COELHO, 1990, p. 151).

No decorrer desse século várias Diretorias foram criadas com os mesmos objetivos já citados. À medida que foram sendo criadas mais diretorias, mais conflitos foram surgindo pela resistência dos Guajajara, principalmente do Pindaré.

Os Guajajara do Pindaré sempre resistiram, adotaram táticas de sobrevivência e alimentaram o sonho de retomar sua vida, sua cultura, seu espaço, seu universo, sua compreensão de mundo.


Fonte: Maria Zenaide Costa - MESTRADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS, 2008

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